sexta-feira, 31 de agosto de 2007

en-quanto.

Seus olhos exprimem loucura.
Fuga.
Cansa de esperar, de cansar.
Repete.
Tocar guitarra?
Passado.
Médico agendado?
Não tem agenda.
Gosta dos cachorros de rua.
São da rua.
Batuca na mesa do restaurante.
Não é aleijada.
Inspira.
Expira.
Respira.
Pensa como qualquer uma.
Lê nas horas vagas.
Não é cega, analfabeta e nem besta.
Cresce rindo do mundo.
Chora se não cresce.
Reproduz.
O carro conduz.
Nâo mente.
Omite.
Ama alguns.
Sorri para outros.
Deseja os poucos que deseja.
Se descontrola e controla.
Tem gente que morre assim: de repente.
Lygia vive o quanto pode.
Ela vive enquanto pode.

quinta-feira, 30 de agosto de 2007

Basta.

Amanda amava.
Sabia que amava, mas não parecia ser o bastante.
Queria mesmo sentir algo de fora. Estava cansada das bobagens do sentimentalismo utópico.
Não tinha coragem.
Tola. Tola.
Ela desejava ardentemente um simples toque, um pequeno gesto.
Durante a aula, ele pede um lápis.
O coração de Amanda acelerou como nunca antes havia.
Entregou, então, aquele que estava em sua mão.
Estendeu o braço, e sentiu.
Sentiu que seus dedos encostaram nos dele.
Um sorriso radiante nasceu em sua face.
Descobriu que não estava enfadada de todo aquele amor utópico, afinal.
Amar, simplesmente, já lhe era o suficiente.

sábado, 4 de agosto de 2007

Só lidão

Observando cada passo alheio, cada rosto desconhecido, ele assustou-se.
Tantos corpos juntos pelo meio da rua, dentro dos carros, sentados no banco e nada. Nada mesmo.
Nem uma palavra. Nenhuma.
Queria conhecer a vida de todos naquele mesmo instante. Não pelo simples fato do puro conhecimento, porém para sentir uma maior aproximação das pessoas, com o ser humano.
Viu que de nada adiantava toda aquela vontade: desanimou-se.
" Todos nós podemos viver à sós, sem nós. Só com um: nós mesmos."
Piscou os olhos, sentiu uma leve ardência e concluiu seu pensamento:
" Eu vivo só."