sábado, 16 de junho de 2007

Por fim.

O presente mais formidável que recebera foi aquele.
Paulo não podia crer no que seus olhos presenciavam: era o seu carro.
Deixaria a dependência locomotiva dos pais e partiria para o conhecimento de si mesmo.
Não podia desprezar a idéia comemorativa que lhe veio à mente: festejar com os amigos.
Contactou o pub mais distante e reservou mesas próximas ao palco.
Chegada a hora de jactar-se para seus companheiros, Paulo não demonstrava sequer timidez.
Parecia um motivo banal para festejo, mas ele sabia que de todos aqueles, foi o único a ser presentiado por tal sorte, afinal poucos aos 18 anos
ganham um carro.
Gargalhou até dizer basta e bebeu até dizerem: pare.
Já era tarde da noite e, cansado de tanta comemoração, decidiu deitar em sua cama.
Entrou no carro e aproveitou a velocidade que poderia alcançar.
Na ilusão de estar no total comando, perdeu o controle do volante e não conseguiu desviar do que vira.
Sua noite acabou ali. Sua festa terminou ali. Mas afinal, para quem Paulo se vangloriaria na hora? Não é por mal, mas seu presente não seria mais o
seu agora.





Pela noite puritana, Clara cantava, rodava sua saia e jogava charme para quem passasse.
Com fitas no cabelo, ria em extrema felicidade e já não sabia onde estava.
Pouco importava onde estava, seu estado corpóreo era maior do que qualquer percepção local.
Cambaleava ao som dos tambores, molengando pelas calçadas, quando magicamente arrebitou-se, tentanto alcançar as estrelas.
Já naquela grande molecagem, caiu no pileque e insuflou sua euforia aos demais espectadores que a censuravam sem pudor.
Clara, quando escutava o cochicho do povo, tornava-se uma árdua defensora do psitacismo e fazia uso dele.
O mundo parecia falecer diante de seus olhos, mas era sua própria alma que estava desfalecendo ali mesmo.
Exausta do belo exibicionismo, agora perguntava-se onde estava.
Caminhou sem rumo algum, à procura de uma avenida familiar pelo meio da rua.
O brilho de Clara foi arrebatado repentinamente por uma opacidade sem descrição.
Sua noite acabou ali. Sua festa terminou ali. Mas afinal, para onde a Clara iria? Não é por mal, mas onde a Clara estava?

Um comentário:

Anônimo disse...

Dá pra vc fazer fabulas infantis com essas suas historias com moral no final xD
ahahuuahuhauhauhauhauhauhauha