segunda-feira, 12 de novembro de 2007

Naquele momento, tudo padeceu sob pontes de estranhos sentimentos.
Já não me era o que era.
Meticulosamente,
não tropeçando em cadáveres memoráveis que compuseram remorsos agressivos
estruturados pelo meu corpo,
entorpecentes,
mastiguei pequenas lembranças agradáveis de minha vida.
Relembrei tudo. Do nada um pouco chorei.
Era uma grande bobagem sentir vergonha.
Cortei-me por dentro, como uma escapatória embriagada de ilusões não vividas,
de fotografias simples, imaginadas.
Já fatigada daquele cheiro do arrependimento,
que é como o alimento de abutres,
virei-me para ela e a questionei insegura:
"Quanto mereço agora?"
E sem uma gota de remorso, porém orgulhosa de si,
respondeu-me:
" À mim mesma"
Então desci os flutuantes degraus trêmulos com a Morte,
não sabendo ao certo onde aquilo daria,
como andava sobre o firme chão encantador da Vida.

2 comentários:

Marina Moura disse...

É uma grande bobagem sentir vergonha, menina.
Da vida, da morte...

Annie disse...

Não consigo não associar o escrito com o escritor.. acho que foi por isso que viajei.. por que é assim que eu faço.. e nunca pare lyginha.. desde antes.. agora você tem mais uma fã. =D